As raízes do Rap
A origem do rap remonta à Jamaica, mais ou menos na década
de 1960 quando surgiram os sistemas de som, que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos
para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos
"toasters", autênticos mestres de cerimónia que comentavam, nas suas
intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a
situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais
prosaicos, como sexo e drogas. No início da década de 1970 muitos jovens
jamaicanos foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos da América, devido a uma crise
económica e social que se abateu sobre a ilha. E um em especial, o DJ jamaicano Kool Herc, introduziu em Nova Iorque a
tradição dos sistemas de som e do canto falado, que se sofisticou com a
invenção do scratch, um discípulo de Herc. O primeiro disco de rap que
se tem notícia, foi registrado em vinil e
dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram "piratas") por volta de 1978, contendo a célebre King Tim III da banda Fatback. O rap, assim como opagode e o blues, no seu surgimento era
um ritmo mais comum entre pessoas de classe social mais baixa e que, com o
tempo, invadiu o mercado de todos os grupos sociais---sendo um dos estilos
musicais que mais vendeu no mercado popular dos anos 1990 até o
início da década de 2000; mas, desde 2006, a venda do rap tem caído drasticamente, preocupando as grandes
gravadoras deste estílo musical.
"Ancestral directo" do rap pode ser considerado o funk, ou o jazz, músicas afro-americanas que
apresentam elementos semelhantes. Outro ritmo ao qual o rap é
tributário é o toast, que consiste em versar
sobre uma versão instrumental ou de uma versão dub de
alguma canção reggae, sempre no ritmo da batida. Essa tradição foi levada
aos Estados Unidos por imigrantes jamaicanos, como o DJ Kool Herc. Nos Estados Unidos, a base
de Reggae foi substituída por uma batida tirada do funk, através da utilização
de dois discos idênticos dos quais era aproveitada apenas a parte instrumental
da música, chamada break (os "breques," como nas
paradas repentinas da percussão numa batucada).
As primeiras gravações de rap datam do início dos anos 1970, com alguns grupos como
os Last Poets e Gil Scott Heron. Nessa época, trata-se
simplesmente da declamação de um texto sob o ritmo das batidas de tambores africanos, sendo a negritude o
tema de predilecção.
Na actualidade, os MCs utilizam, como base,
batidas de outras músicas habilmente extraídas pelos DJs, ou bases montadas
electronicamente, ou, ainda, instrumentos tocados por músicos.
Um recurso muito presente no rap são os samples ("amostras"),
que são pequenas "pedaços" de outras músicas, covers (pré-gravadas), e inseridas
digitalmente numa "nova" música. Os samples tanto podem ser da parte instrumental
de uma música como podem ser de vocais.
Inicialmente, os temas das letras giravam em
torno de assuntos como festa e diversão, que aos poucos foram substituídos por
outros temas como as desigualdades sociais e o combate ao racismo. vinte anos depois, se
tornou um dos estilos musicais mais popular em todo o mundo, sendo muito
difundido principalmente nos EUA, na França, no Japão e no Brasil. A primeira
música de rap a surgir no Brasil foi "Kátia Flávia", em
1987, de autoria de Fausto Fawcett e Laufer. Em Portugal a primeira
compilação de rap surgiu em 1994 com o designação de Rapública.


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